- Todos por 1
UMA FEIRA DE ORGÂNICOS PARA CHAMAR DE SUA
Marcelo Frazão
Londrina – Você pode até não gostar dessa pergunta. Só que agora posso fazê-la com base na minha própria experiência sobre o tema.
Qual é o seu “mimimi” para não comer melhor em Londrina?
Qual é a desculpa que geralmente você usa para não se interessar mais diretamente sobre comer sem veneno, orgânicos e afins?
Como morador de Londrina a gente sempre espera que um milagre aconteça e que, de repente, nossa cidade torne-se um oásis de ciclovias, trânsito respeitoso e seguro, árvores bem cuidadas, ruas limpas e acesso para a população à comida sem veneno ou aos orgânicos.
Essas são alguns temas do Todos por Um.
Mas, como jornalistas, junto com a Chris Mattos e o Ranulfo Pedreiro, não esperamos milagre.
Indo além das notícias – algo que fizemos muito bem nos últimos anos, nos maiores veículos de comunicação aqui da nossa cidade – decidimos que seríamos capazes, junto com mais pessoas, de fermentar soluções sobre esses e tantos outros temas sobre Londrina.
Um deles, certamente e sem dúvida, é o acesso à comida sem veneno.
Quando falo comida, digo de frutas, verduras, legumes – e até ovos, pães, massas.
Existem várias formas de se envenenar.
Eu mesmo não sou imune a várias delas, mas algo que passei a compreender um pouco mais por dentro é como podemos, em Londrina, fomentar a cultura do sem veneno.
Aqui no Tp1, começamos várias conexões.
A primeira delas é aumentar o número de produtores de orgânicos em Londrina. Mais oferta, mais gente comendo.
Ano passado, o Tp1 conheceu a família Rampazzo, no distrito de São Luiz, sul de Londrina.
A fala da Thaíse Rampazzo, produtora, era reveladora sobre a preocupação da família. “A gente aprendia como plantar verduras e legumes sem veneno só com as informações que conseguíamos na internet”.
Assim que ouviu isso, a Christina Mattos, aqui do Tp1, não teve dúvidas: conectou os agricultores ao valioso Núcleo de Agroecologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
Agora, os Rampazzo estão a poucos meses de obter a certificação orgânica. Uma vitória deles.
Eu mesmo passei a comprar dos Rampazzo diretamente.
Na sequência, começamos a mostrar para os demais moradores de Londrina a batalha da família. E levamos, várias vezes, interessados em passar uma manhã na propriedade.
Com o Tp1, muita gente (você está no meio?) já colheu diretamente da horta orgânica, foi ao rio e à mina da propriedade, almoçou como um Rampazzo e conheceu a família.

Com isso, aprendi que quando compro a comida plantada por eles, invisto na família e no impacto do que fazem.
Fez sentido para mim.
Com o nosso grupo de whatsapp, mais gente passou a comprar dos Rampazzo também. Tudo pode ser entregue em casa.
Para vocês terem ideia, uma cesta com diversas quantidades de itens de uns sete orgânicos custa R$ 60. Divido em grande quantidade com mais três famílias.
Quanto mais moradores de Londrina os conhecem, maior o interesse em aderir à proposta.
Ou seja: ver de perto e participar de conexões deu o empurrão necessário para exterminar minhas constantes desculpas como morador de Londrina.
Me declarava um interessado em comprar alimentos sem veneno mas logo deixava de fazer o que precisava ser feito.
Vivia repetindo que os orgânicos eram caros no mercado, que não havia lugar para comprar, que isso era difícil, que aquilo e tal…
Quando o Tp1 foi em busca do assunto, percebemos que todo mundo tinha os mesmos argumentos para não consumir orgânicos aqui em Londrina.
E decidimos que era preciso detonar mitos, abrir o assunto, levar mais ainda as pessoas às propriedades.
Era preciso conhecer as pessoas que plantam a nossa comida.
E abrir isso para todas as pessoas que puderem estar com a gente.
Agora, registramos a ÚNICA Feira Orgânica que acontece TODO SÁBADO, das 9h às 12h, aqui em Londrina.
Você deveria ir lá: fica na rua Uruguai 1656, esquina com a rua Venezuela. Na Vila Brasil.
Ali estão cinco famílias de agricultores que vendem itens próprios e de mais cinco produtores orgânicos. E ainda uma associação sem fins lucrativos que acaba de criar uma escola da iniciativa Waldorf em Londrina. Vendem cafés e tortas feitos com orgânicos e o que é arrecadado vai para o projeto.

As cinco famílias de produtores da Feira de Orgânicos: não existe concorrência entre eles
Tudo o que existe é certificado. Sem veneno mesmo, e dentro de padrões de produção.
A única feira orgânica de Londrina é iniciativa dos próprios produtores associados.
Entre várias atitudes necessárias para nos tornarmos a cidade que queremos ser, o Tp1 se impôs a tarefa de ver Londrina como referência em orgânicos.
E nesta TRANSMISSÃO AO VIVO, quebramos os mitos perguntando TUDO o que qualquer morador de Londrina precisa saber sobre o tema.

Banca de orgânicos na Feira da Vila: quando fui, a banana era mais barata que no mercado – e sem veneno!
Com este arsenal de CONTEÚDO, qualquer um pode se interessar em aumentar o consumo dos orgânicos.
A palavra “consumo”, inclusive, nem é tão apropriado assim. Quem compra orgânicos financia uma cadeia de saúde que começa com o meio ambiente, os rios, o solo, a vida do produtor e a sua própria vida.
“Tem gente que deixa de comprar remédio e passa a comer orgânicos”, diz logo Gustavo Reis, produtor de Guaravera, presente na Feira da Vila Brasil.
Na conversa com quem planta a nossa comida, vem clara a diferença entre pagar por um produto convencional, comprado muitas vezes com a intermediação de um supermercado, e lidar diretamente com o produtor interessado nesse propósito.
Para quem vê com normalidade pagar R$ 3 por uma garrafa de água ou R$ 4 por uma lata de Coca-Cola – e reclama de investir R$ 4 em uma moranga orgânica linda (como a da foto) – os argumentos desse conteúdo valem como um chacoalhão necessário.
Vejam a história do (ex) designer Eduardo Carriça e da bióloga Gabriela Scolari, da Terra Planta.

Carriça, na sua propriedade: floresta dá suporte para a horta saudável

Tp1 com moradores de Londrina visitando a propriedade do casal